segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Indo para o Rio de Janeiro

No dia 26 de Fevereiro a família real e os acompanhantes despediram-se de Salvador e voltaram a embarcar, zarparam para sul.

Preparativos no Rio de Janeiro

No Brasil o representante do rei de Portugal tinha o título de vice-rei. Na época o vice-rei era o Conde dos Arcos, que deu voltas à cabeça para organizar uma recepção devidamente animada e elegante e para preparar alojamentos onde instalar tanta gente. Em 1808 viviam na cidade do Rio de Janeiro cerca de 60.000 pessoas.


Chegarem mais 15.000 de um dia para o outro era uma espécie de avalanche, uma "avalanche humana". Mas o Conde de Arcos não se atrapalhava com facilidade. Começou por despejar o Palácio dos vice-reis e mandou limpar tudo muito bem para poder funcionar como residência real.

Como este Palácio não tinha capela e ele sabia que as pessoas da Corte estavam habituadas a capela privativa, chamou carpinteiros e ordenou-lhes que construíssem rapidamente uma ponte de madeira ligando directamente o Palácio à Igreja do Carmo, que ficava ao lado.
Quanto a estas medidas, toda a gente achou muito bem. Mas como ele requisitou algumas habitações particulares para alojar gente da Corte, houve proprietários que ficaram fulos com o abuso.

No entanto, a maioria da população estava delirante. Nunca uma família real europeia pisara terras da América do Sul. Receber reis, rainhas, príncipes e princesas fazia as pessoas sentirem-se como personagens de contos de fadas. E a alegria natural dos habitantes do Brasil transformou logo os preparativos em grande festa.


Uma Entrada Triunfal

A armada reunira-se de novo e ancorara em frente ao Pão de Açúcar. Impossível descrever a euforia a bordo e em terra. Toda a gente ansiava pelo momento em que os canhões dariam sinal de desembarque. E isso aconteceu pelas quatro horas da tarde do dia 4 de Março de 1808. Ao primeiro "Boum", D. João desceu para um bergantim seguido da mulher e dos filhos.

Enquanto os remadores faziam avançar a embarcação para o cais, os canhões atroaram os ares com salvas de boas vindas, repicaram em simultâneo os sinos de todas as igrejas, estalaram foguetes, bandas de música puseram-se a tocar, as pessoas davam vivas no maior entusiasmo. Guardas de honra formavam alas desde o cais à Igreja do Rosário onde estava tudo preparado para uma cerimónia religiosa destinada a dar graças a Deus pelo sucesso da viagem.

D. João, D. Carlota Joaquina e os principezinhos seguiram em cortejo pelas ruas atapetadas de folhagens. As janelas das casas em redor tinham sido enfeitadas com grinaldas de flores, colchas de seda encarnadas e azuis. E as famílias vestidas com as melhores roupas e ostentando as melhores jóias debruçavam-se nas janelas a aplaudir.

Consta que D. João sorria e acenava feliz por se ver tão acarinhado. E que D. Carlota Joaquina chorava, talvez de comoção. Ninguém reparou especialmente nas reações do pequeno príncipe D. Pedro. Com nove anos, perante um ambiente colorido, barulhento, festivo, só podia estar maravilhado. Não podia era adivinhar que o destino tinha planos para entrelaçar a sua vida com o futuro daquela terra e daquela gente.




Feito por Vagner

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